Belém (PA) — Teve início nesta segunda-feira (10) a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém. O encontro, que segue até o dia 21 de novembro, marca um novo passo na implementação do Acordo de Paris, com o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.
Entre os principais temas em pauta estão os mecanismos de financiamento climático e os planos de transição energética, com destaque para a meta global de mobilizar US$ 1,3 trilhão até 2035 — proposta consolidada na COP29, em Baku, e agora debatida em território brasileiro.
A sessão de abertura contou com discursos de líderes internacionais. O presidente da COP29, Mukhtar Babayev, defendeu uma nova postura dos países: “Não podemos depender apenas dos doadores; precisamos confiar no mutirão. A marca de US$ 1,3 bilhão é possível”, declarou.
O presidente da COP30, André Corrêa Lago, reforçou a importância da cooperação multilateral: “O multilateralismo é o caminho. Temos uma responsabilidade imensa diante da urgência climática”, afirmou, citando desastres recentes no Paraná e em outros países.
Já o chefe do Clima da ONU, Simon Stiell, defendeu o aumento da eficiência energética global: “Já concordamos em mobilizar pelo menos R$ 1,3 trilhão com a liderança dos países desenvolvidos”, destacou.
Durante o evento, os países devem apresentar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — compromissos de redução de emissões e adaptação aos impactos climáticos. André Corrêa Lago cobrou transparência e metas mais ambiciosas, mencionando nações que ainda não apresentaram planos consistentes.
O Brasil tem classificado esta edição como “a COP da verdade”, por tratar dos mecanismos concretos para viabilizar o financiamento climático. Um dos instrumentos em discussão é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para recompensar financeiramente países que conservem biomas essenciais.
O fundo já soma US$ 5,5 bilhões, com promessas expressivas da Noruega (US$ 3 bilhões), França (US$ 577 milhões), Brasil e Indonésia (US$ 1 bilhão cada) e Portugal (US$ 1 milhão). A Alemanha ainda não confirmou sua participação, mas o governo brasileiro espera um anúncio até o fim da conferência.
Apesar do otimismo diplomático, a COP30 começou sob desafios logísticos. Durante a Cúpula dos Líderes, realizada anteriormente, o evento enfrentou obras inacabadas, falhas técnicas e infraestrutura precária — pontos que a organização espera superar nesta nova etapa.
Com debates decisivos sobre financiamento, energia limpa e preservação das florestas tropicais, a COP30 em Belém se consolida como um marco para o futuro das negociações climáticas globais.



